De pequenino se torce o pepino, como diz o ditado!
De pequenino se estabelecem hábitos, se criam ligações, se eternizam memórias e emoções que ficam enraizadas, mesmo que muitas vezes não exista consciência disso. Tantas sementes no solo fértil de uma criança!
Os ecrãs fazem e farão parte da vida das crianças. Estar a negar-lhes isso é também afastá-las do mundo atual. Não me parece saudável olharmos para os avanços da tecnologia como o bicho papão. Há imensos benefícios mas, por todos os riscos que lhe conhecemos, será necessário estar sempre presente o tão desafiante e desejado equilíbrio!
As crianças gostam naturalmente de atividades ao ar livre, de correr e de se sujar. Que espaço lhes está a ser dado para brincarem na rua? Que momentos proporcionamos para que toquem a terra, para que façam de um pau a sua espada e das flores o tempero de uma sopa de terra? Que tempo lhes é dado para que apreciem o cheiro dos pinheiros ou dos eucaliptos, para que ouçam o barulho das aves ou de um riacho a correr? Quantas vezes admiraram a beleza do nascer ou pôr do sol? Quantas vezes pararam para contemplar um céu estrelado?
Saiu um estudo que coloca as crianças da Suécia como as mais felizes e é interessante quando se explora o que está na base disso: tempo passado ao ar livre! Mesmo com temperaturas baixas, as crianças bem agasalhadas brincam na rua, saem para passear, fazem desportos e atividades de contacto com a natureza.
Daqui a uns anos as crianças de hoje não vão olhar para a infância e lembrar-se do tempo passado à frente de um ecrã. As suas memórias serão sobre as pessoas e sobre as experiências que lhes despertaram os sentidos e com significado emocional. Que sejamos capazes de lhes proporcionar a riqueza de momentos, em presença e, tanto quanto possível, ao ar livre pelos inúmeros benefícios reconhecidos.
Que as memórias sejam risos, abraços, aromas, sons, sabores e imagens de pessoas, de lugares e experiências especiais.